A República de Nagorno Karabakh é etnicamente armênia, anexa ao Azerbaijão e, definitivamente, é uma das regiões mais bonitas do mundo e menos reconhecidas enquanto nação.
Nagorno Karabakh, localizada no norte do Irã, emergiu depois da queda da URSS e seguiu como um cometa rumo ao movimento separatista que explodiu nas repúblicas do Cáucaso. A Chechênia, a Ossétia do Sul e a Abkházia continuam instáveis nesse caminho.
Mas um cessar fogo entre os separatistas de Karabakh, seus aliados armênios e o Azerbaidjão, que lutou durante mais de seis anos por Nagorno Karabakh, permite desde 1994 que visitantes estrangeiros tenham a oportunidade de conhecer a extensão leste da Armênia (embora não reconhecida internacionalmente).
Berço do cristianismo
Comece o seu tour a partir da capital da Armênia, a ensolarada Yerevan, e siga 330km a leste para chegar em Nagorno Karabakh. Para fazer a verdade, esse é o único corredor de acesso até a região. Recomendo contar com a ajuda de um guia local.
Ainda em Yerevan, visite o Museu Militar e o Cemitério de Yerablur, locais que mantêm as lembranças do conflito de Nagorno Karabakh que durou de 1988 a 1994. Nesse cemitério estão enterrados 7 mil armênios vítimas de um conflito que custou 30 mil vidas.
A partir de Yerevan, o trajeto de carro até Stepanakert, capital de Nagorno Karabakh, através do berço do cristianismo, é de uma beleza única. No caminho, ao longo da fronteira turca da Armênia, os vendedores de beira de estrada oferecem melancias, pêssegos, damascos secos e garrafões de vinho de Areni. Atrás desse cenário, coberto de neve está o Monte Ararat com mais de 5 mil metros de altura, o local onde supostamente Noé parou com sua arca.
O Monte Ararat foi igualmente anexado em 1921 para pacificar a Turquia, mas continua altamente auspicioso para os armênios. Em seu sopé, no Mosteiro de Khor Virap, está localizada a masmorra onde São Gregório, o Iluminador, passou 13 miseráveis anos preso antes de surgir para converter a Armênia ao cristianismo em 301 DC – tornando-a a primeira nação cristã do mundo.
Além do Ararat, a estrada sobe 2 km até a pradaria dourada de Syunik. Em seguida, ela entra no Corredor Lachin, o cordão umbilical que liga a Armênia e os 4,400 quilômetros quadrados de Nagorno Karabakh através do agora ocupado território do Azerbaidjão.
À medida que você atravessa o rio Ahavno, um sinal de fronteira informa “Bem-vindo à Montanhosa República de Karabakh”. No entanto, os moradores daqui tendem a chamá-lo de Artsakh-nagorno (montanha em russo) e Karabakh (jardim negro em turco ) um pequeno eco de anos de histórico domínio estrangeiro.
Stepanakert, a capital da república
Não há nenhuma iminência óbvia de guerra na moderna cidade de Stepanakert, uma capital vibrante e que foi renasceu de maneira diligente. A população jovem frequenta as avenidas arejadas por boutiques e cafés em uma cidade que ainda está criando raízes.
Nada lembra que essa é uma região que vive em um cessar fogo. Especialmente se você caminhar em volta do Hotel Armênia à noite. Na antiga praça soviética, a Praça Renascença, os soldados que marchavam a passo de ganso foram suplantados por uma multidão crescente.
O Museu Stepanakert mantém evidências de séculos de conquista romana, persa e turca. Mas também é possível reafirmar a herança cristã do território, observando os khachkars, pedras tumulares medievais finamente decoradas por padrões geométricos remanescentes de cruzes celtas.
Na sequência, faça uma visita à cidade de Askeran, onde o muro cheio de torres da Fortaleza Mayraberd enche o vale como uma linha de dentes amarelos. Ela foi construída pelos persas no século 16 para bloquear o acesso a Nagorno Karabakh pelas planícies do leste do Mar Cáspio.
Nagorno-Karabakh continua controversa até hoje. Mas até agora esta república separatista obscura, tão rica em hospitalidade e história, oferece uma pausa fora do comum.