É a imagem da floresta que determina a identidade da Amazônia em nosso imaginário. E, no entanto, ela só existe porque está estruturada sobre um fabuloso e milenar ciclo de águas.
A bacia amazônica é superlativa: em seu principal eixo, o rio Amazonas tem mais de 6.400 quilômetros, o que o torna o segundo maior do mundo, perdendo só para o Nilo, na África. Apenas um de seus afluentes, o rio Negro, tem mais de 1.700 quilômetros de comprimento e sua largura abrange os dois maiores arquipélagos fluviais do mundo, sendo um deles o Anavilhanas.
Essa imensidão e volume incomensurável de água é o coração da Amazônia. Há quem chame a floresta de “o pulmão do mundo” pela sua produção de oxigênio por meio da fotossíntese. É, porém, pela circulação de água na atmosfera que a floresta presta seus serviços ambientais mais importantes, vitais para todos os brasileiros.
Ao absorver e evaporar a água, a floresta não apenas assegura um ciclo de chuvas que retroalimenta os rios e a própria floresta, mas também, graças à circulação atmosférica, exporta essa umidade e as chuvas para outras regiões.
O mosaico de águas amazônicas é complexo, variado: é composta por labirintos de ilhas verdes que expõem longas praias arenosas durante a seca, estradas flutuantes, vasos de igapós, as veias de igarapés, aortas de rios.
Navegar por um igarapé (literalmente, “caminhos de canoa” na língua tupi) é poder desfrutar do privilégio de olhar de perto os detalhes da flora, o estilo de vida singular dos ribeirinhos, as aves, os anfíbios, os botos, os peixes… é empreender a busca por traduzir o intraduzível, é se certificar da única certeza do paraíso verde: de que ele está obedecendo a ciclos invisíveis e que está em contínua mutação.
Para viajar mais longe:
O livro-fotográfico Amazônia, Paraíso das Águas, do ambientalista José Truda Palazzo Júnior reúne imagens inéditas de Fernando Clark e faz um recorrido pela história natural e humana dessa vasta porção do território brasileiro.