Agosto chegou com uma agenda maravilhosa de exposições! Focamos nas galerias e espaços de São Paulo, um aquecimento cheio de arte para a Feira SP-Arte e Rotas Brasileiras que começa no finzinho do mês.
Vem conferir!
Galeria Luciana Brito
22 de julho a 19 de agosto – Barravento Novo de Eder Santos – A exposição individual do artista visual e filmmaker mineiro Eder Santos é uma colaboração com o artista Bruce Yonemoto.
Com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho, a mostra ocupa todo o espaço da galeria e reúne um conjunto de obras inéditas em São Paulo, inspiradas em “Barravento” (1962), primeiro filme de Glauber Rocha e considerado o marco inicial do Cinema Novo. Eder Santos não se apresentava na galeria desde 2010. “Barravento” foi o primeiro longa-metragem do diretor Gláuber Rocha e aborda principalmente questões relacionadas ao sincretismo religioso, opressão, racismo e resistência. O filme traz o ator Antonio Pitanga no papel principal de Firmino, um pescador que volta à comunidade e tenta conscientizar seus conterrâneos da própria condição social e da exploração que sofrem. Toda a representatividade desse filme, a partir do seu enredo e estética, serviu de inspiração para “Barravento Novo” (2017), de Eder Santos e Bruce Yonemoto, obra principal da exposição, que ocupa todo o espaço do pavilhão anexo, numa grande vídeo-instalação imersiva.
O filme, primeiramente apresentado na Tate Modern (Inglaterra), em 2017, foi concebido para a interpretação de Camila Pitanga, com objetivo de destacar o passado pós-colonial do Brasil, através de uma análise mais atenta dos dias atuais e da situação social e psicológica das pessoas. Como uma ode à obra de Glauber Rocha, “Barravento Novo” não só resgata no tempo a mensagem política do diretor do Cinema Novo, como também aborda questões relacionadas à mitologia cultural e a identidade nacional, que até hoje seguem vigentes.
“Barravento Novo” é um marco na carreira de Eder Santos e, segundo o curador Luiz Gustavo Carvalho, simboliza justamente o hibridismo trabalhado pelo artista desde o começo da carreira, já que sempre atuou para diluir as barreiras entre as artes visuais e o cinema. Neste filme, a atriz Camila Pitanga representa os dois personagens principais: o de Cota (interpretada na época por Luiza Maranhão) e o do próprio Firmino (então realizado por seu pai), através de um diálogo com as cenas originais de Glauber. A própria atriz escolheu interpretar os dois papéis, que no filme original formam um casal. Além do confronto de gerações, a partir dos momentos entre pai e filha, os diretores também comparam as tecnologias, já que as cenas originais realizadas em 35mm aparecem concomitantes às atuais em digital 4K, por meio de uma tela menor. “Barravento Novo” apresenta ainda a filha de Camila Pitanga, Antônia Peixoto, interpretando a canção de abertura do filme, além do próprio ator Antônio Pitanga no final. Para os diretores, “Barravento Novo” também é uma homenagem ao ator, hoje com 84 anos, pela sua contribuição ao cinema nacional, sendo o primeiro protagonista negro da história brasileira.
A exposição apresenta também um conjunto de três obras de grande dimensão, produzidas a partir das cenas do filme, com Camila Pitanga, ocupando a Sala Modernista da galeria. Além disso, a mostra também traz “Oxalá” (2023), uma escultura com projeção de vídeo, onde os pássaros filmados interagem com penas que voam dentro de um cubo de acrílico. A ideia é que o visitante sinta a poesia de “Barravento Novo” ao adentrar o espaço da galeria, seguindo até a videoinstalação ao final.
Galeria Leme
29 de julho a 19 de setembro – Planorama de Luciano Figueiredo – Reconhecido como um dos expoentes da contra cultura da década de 70 no Brasil, Luciano Figueiredo traz para a exposição Planorama sua produção mais recente. Com texto crítico de Eucanaã Ferraz, o título desta exposição é formado pela união das palavras plano e diorama. Inventado por Daguerre nos primórdios da fotografia e do cinema, o diorama surge em meados do século 19 como uma nova forma de espetáculo visual. Realizado com imagens projetadas em uma sala escura, camadas de tecidos muito finos, transparentes e diáfanos apresentavam um espetáculo de luz e sombra. Em seus trabalhos, assim como nas pinturas apresentadas nesta exposição, Luciano apresenta uma sólida investigação no campo da forma, a partir da elaboração do espaço geométrico. A linha, o plano, o volume e a cor estão sujeitos à experimentação e à sensação do artista.
Aura Galeria
29 de julho a 26 de agosto – Habitar o centro do mundo de Marga Ledora – Com mais de duas dezenas de obras, a nova individual da artista reúne trabalhos anteriores e outros inéditos. Com curadoria de Carollina Lauriano, a mostra desenvolve reflexões sobre a relação entre matéria, suporte e forma nas produções gráfica e pictórica da artista. Com quase quarenta anos de carreira, Ledora trabalha especialmente com desenho. A artista, que já participou de exposições em galerias e centro culturais, foi recentemente selecionada para integrar a coletiva “Dos Brasis: Arte e pensamento negro” – que passará por diversas unidades do Sesc em todo o Brasil, com inauguração no dia 2 de agosto, no Sesc Belenzinho. “Habitar o centro do mundo”, nesse sentido, apresenta diversas fases do trabalho de Marga, desde o início da sua produção até obras inéditas produzidas para a exposição. É a primeira individual da artista na Aura.
SESC Belenzinho
02 de agosto a 28 de agosto – Dos Brasis – arte e pensamento negro – O projeto Dos Brasis: arte e pensamento negro, parte do programa Arte Sesc, com curadoria de Hélio Menezes e Igor Simões, tem a proposta de pesquisar, fomentar e difundir a produção artística, intelectual, e visual contemporâneas de artistas e pesquisadores afro-brasileiros ao evidenciar suas técnicas, histórias e correlações socioculturais, por meio, inicialmente, de uma pesquisa nacional com a participação dos técnicos de artes visuais do Sesc no país. A exposição apresenta ao público trabalhos em diversas linguagens artísticas como pintura, fotografia, escultura, instalações e videoinstalações, produzidos entre o fim do século XVIII até o século XXI por 240 artistas negros, entre homens e mulheres cis e trans, de todos os Estados do Brasil. Para se chegar a esse expressivo e representativo número de artistas negros, presentes em todo o território nacional, foram abertas duas importantes frentes. Na primeira, foram realizadas pesquisas in loco em todas as regiões do Brasil com a participação do Sesc em cada estado, com o objetivo de trazer a público vozes negras da arte brasileira. Essas ações desdobraram-se em atividades e programas como palestras, leituras de portfólio, exposições, entre outros, com foco local. Vale ressaltar que esse processo teve uma atenção especial para que não se limitasse apenas às capitais do país, englobando também a produção artística da população negra de diversas localidades, como cidades do interior e comunidades quilombolas. A equipe curatorial pesquisou obras e documentos em ateliês, portfólios e coleções públicas e particulares, para oferecer ao público a oportunidade de conhecer um recorte da história da arte produzida pela população negra do Brasil e entender a centralidade do pensamento negro na arte brasileira.
Zipper Galeria
03 de agosto a 02 de setembro – Zip’Up “Pulso Polar” de Bruno Borne – Esta exposição apresenta uma fusão cativante de instalações de vídeo e obras impressas, explorando a interação entre luz e escuridão, processos digitais e formas geométricas. “Pulso Polar” apresenta uma dicotomia entre o claro e o escuro. No lado escuro, uma instalação de vídeo instigante projeta-se na parede do Zip’Up, que fica no segundo andar da galeria, imergindo os espectadores em uma narrativa visual envolvente. No lado claro, a exposição apresenta uma série de obras feitas por meio da computação gráfica, impressas digitalmente sobre papel fotográfico. A formação de Borne em arquitetura e sua paixão pela computação gráfica influenciaram sua abordagem artística, resultando em obras criadas digitalmente usando software de renderização, modelagem 3D e técnicas de animação, cada uma resultando em formas geométricas únicas. Uma das peças de destaque na exposição é uma obra que apresenta uma representação do símbolo do infinito e um elemento simbólico, também incorporando animações que envolvem harmoniosamente as paredes da galeria, criando uma experiência dinâmica e cativante para os visitantes. Além disso, a exposição inclui uma instalação que combina elementos de duas obras importantes do artista. O conceito é inspirado em uma obra com espelho no fundo, que costumava iluminar salas com seu jogo de luz. Esse conceito é mesclado com outro trabalho que Borne criou para o Piano Alto do Mercosul, que apresentava uma representação do céu e um ciclo de dia e noite. A ideia é criar uma mistura desses dois elementos, resultando em uma instalação intrigante.
03 de agosto a 02 de setembro – Deitar o vermelho sobre o papel branco para bem aliviar seu amargor de Fábio Baroli – Expostas no salão principal da galeria, as pinturas retratam paisagens, arquiteturas vernaculares, personagens e elementos naturais, como animais e árvores, com o objetivo de revelar as diferenças sociais e resistências ao projeto colonialista. Fábio Barolia adentrou nas intrincadas tramas dos processos históricos e sociais relacionados à terra – uma jornada poética sobre identidade e território. Além disso, a exposição destaca espaços vazios e incompletos, que representam rupturas e pausas nas formas e nas cores. Essas pausas complementam outras pinturas de Baroli, estabelecendo conexões entre diferentes assuntos e acontecimentos. O artista lança críticas ao projeto colonialista e aborda questões como a monocultura extensiva e a imposição do excedente de produção. Destaca-se a presença marcante do boi nas obras de Baroli, um símbolo da relação do colono com a terra e um protagonista recorrente em diversas manifestações artísticas. A exposição também inclui instalações e pinturas de ferramentas e utensílios que trazem as marcas da lida, da terra e do trabalho humano.
Galeria Raquel Arnaud
03 de agosto a 16 de setembro – quadro negro de Julio Villani – Multifacetada, prolixa, quase labiríntica, transitando entre pintura, desenho, bordado, colagem, assemblage, escultura etc., a produção de Julio Villani, que transita entre pintura, desenho, bordado, colagem, assemblage e escultura, revela um hibridismo fundamental em seu processo criativo, alimentado por referências históricas de visualidade, experimentações formais e porosidade aos acasos. Nas pinturas, feitas com tinta acrílica, carvão e caulim sobre tela, em formatos maiores, predominam ensaios de estruturação do espaço, com prismas vazados e transparentes. Chamadas pelo artista de Collapsible architectures, têm espaços organizados por linhas frágeis e campos de cores que nos fazem imaginar construções temporárias e instáveis. E se a clareza dos planos geométricos remete à idealidade do Suprematismo, suas cores mais tonais, com pinceladas em faixas bem marcadas, semelhantes às da têmpera de Volpi, conferem a essas pinturas uma dimensão reflexiva, rala e artesanal, mais próxima ao contexto brasileiro. Além de uma produção consistente em seu universo colorido e estrutural, o artista dá grande importância aos títulos de seus trabalhos, e convida as pessoas do seu ciclo de amizade, a potencializar esses sentidos semânticos. Solicitadas pelo artista a escrever frases a partir da associação de palavras, às cegas, na ausência das imagens, esses textos são posteriormente incorporados à exposição. Impera aqui o princípio surrealista do jogo, do cadavre exquis: figuras (gráficas ou textuais) que se montam coletivamente, e um tanto ao acaso, porque no acaso – objetivo ou subjetivo – também pulsa a ordem. Uma espécie de ordem avessa. Assim como o “quadro negro”, contraste brusco entre claro e escuro, onde tudo pode se sobrepor e ao mesmo tempo tende a desaparecer, pulsa a inexorável ideia de um recomeço. Não como tábula rasa, a partir do zero, mas como esboços pacientes de uma estruturação que sempre busca sua melhor forma. Uma estrutura na qual natureza e geometria não se opõem, mas sim operam a partir do jogo.
Janaina Torres Galeria
05 de agosto a 07 de outubro – Entroncamento – exposição coletiva – Três artistas, que trilham poéticas instigantes e singulares, cruzam-se em um determinado ponto no tempo e no espaço, a partir de um elemento comum: o desejo da natureza e a vontade de compreendê-la, sabedores que não há cisão possível entre nós e ela. Os artistas participantes são Luciana Magno, Paula Juchem e Pedro David e a curadoria é de Agnaldo Farias. Entre fotografias, esculturas, desenhos, pinturas e vídeos, Entroncamento trata de poéticas que, vindas de territórios particulares, abarcam o mesmo solo, ao se encontrar. Luciana Magno, em Uruku, performance registrada em pintura e vídeo, equilibra-se em um tecido acrobático e, de cabeça para baixo, utiliza os longos cabelos para tingir com o vermelho sanguíneo um tecido estendido no chão – “devolvendo à terra o que dela foi tirado”, como pontua Agnaldo. Paula Juchem, nas séries Vespeiro e Palaia, burila formas com a terra e o fogo, empilhadas, enxameadas, “explorando a plasticidade da argila até onde for possível sua aliança entre mãos e imaginação”. Inventa, assim, formas orgânicas sugeridas, que poderiam resultar de expansões secretas da natureza, criando organismos possíveis. Já o mineiro Pedro David trata da quebra de um pacto, entre nós e nosso entorno, em imagens de folhagens e cogumelos, prestes, em sua organicidade, a desaparecer. Assim, em Esqueletos e Carimbos de Esporos, coleciona e imprime fragmentos da natureza, aproximando-os das pinturas realizadas nas paredes das cavernas.
Millan
05 de agosto a 09 de setembro – Memento Habilis de Henrique de Oliveira – Na exposição são apresentadas obras tridimensionais com formas orgânicas que se assemelham a vegetais e animais, sem, no entanto, se definir como tais. Entre elas, se destaca a instalação de grandes dimensões batizada com o nome da mostra. Exibido no térreo da galeria, o trabalho é composto por peças aproximadas e sobrepostas, que se tornam quase indistinguíveis devido à sua aparência de madeira, formando um grande organismo que remete também a um tronco de árvore. Construídas a partir de uma série de processos que envolvem a colagem e junção de restos de madeira cujo destino era o descarte, os trabalhos de Memento Habilis têm, como uma das inspirações, desenhos rupestres e animais como o mamute e outros seres da megafauna, os bichos gigantescos que conviveram com antepassados dos seres humanos. Quando observadas em detalhes, surgem das formas retorcidas, bagas e sementes, ferramentas rudimentares, pernas de animais e insetos, o que também confere uma atmosfera fantástica à exposição. Esse deslumbramento causado pelas obras de Henrique Oliveira é recorrente e coloca em confronto a relação entre o espaço natural e o espaço arquitetônico, muitas vezes fazendo parecer que emerge das paredes uma vida subjacente. Composta por obras elaboradas durante o período de isolamento da pandemia de Covid-19, a nova individual de Henrique Oliveira na Millan, galeria que o representa no Brasil, traz trabalhos com um caráter mais experimental que, ao mesmo tempo, puderam ser maturados por mais tempo.
Lona Galeria
05 de agosto a 16 de setembro – As palavras e as víceras de Christina Elias – Com curadoria de Icaro Ferraz Vidal Junior, inspirada nos campos da performance e da dança contemporânea, Christina Elias cria obras em meios diversos que ocupam o espaço tridimensional e se estruturam em torno do corpo e da imagem. Seu processo criativo constrói pontes entre as artes visuais, a dança e a literatura. Em As palavras e as vísceras, a artista mistura uma série de têxteis vestíveis, combinados com fotografia, vídeo e instalação. É neste contexto criativo, que Christina Elias se aproxima da forma como enxerga o feminino. Seus trabalhos são elementos vivos e pulsantes que facilmente envolvem quem as observa e cumprem o papel de sensibilizar pela arte. A mostra conta com 20 obras e propõe uma visita em formato circular, sem indicação de começo ou fim. É um convite para entrar em contato com outras concepções do feminino a partir do olhar da artista.
Arte FASAM Galeria
05 de agosto a 30 de agosto – Maré de Ana Sant’Anna – Realizada no Espaço Gruta em São Paulo e tendo como ponto de partida sua experiência com seu lugar de origem, em sua primeira individual, a mostra Maré traz ao público trabalhos nas linguagens da pintura e da fotografia. Felipe reúne na exposição um conjunto sucinto de trabalhos que revela a trajetória de Ana desde seu início até sua produção mais recente. Para o curador, Ana Sant’Anna leva o oceano consigo aonde vai. De acordo com Felipe, as cores e formas da artista se unem e materializam-se como uma transcrição de suas paisagens imaginadas – diários escritos à óleo, grafite e fotografia.
Galeria Lume
19 de agosto a 07 de outubro – Enredo Imaginário de Luiz Hermano – O enredo, na literatura e dramaturgia, é a esfera de eventos no qual cada acontecimento afeta o próximo através do princípio de causa e efeito. A partir desta lei universal, entende-se que tudo é interligado por fios herméticos que se entrelaçam e conectam o universo que ocorre ao nosso redor. O acaso não existe. Com texto curatorial de Theo Monteiro, Hermano retoma sua produção dos anos 90, onde as linhas de seus trabalhos, inicialmente apresentadas em desenhos, saem do papel e ganham tridimensionalidade em obras elaboradas em fio de cobre. A ressignificação da matéria sempre foi parte do DNA do artista, que desde sua infância na Preaoca, município de Cascavel no Ceará, criava brinquedos a partir de objetos e materiais inusitados. Através do olhar e da imaginação, Luiz nos transporta a seu mundo de sonho e nos convida a exercitar a própria observação, aprofundando nossa percepção de seus traços que ora se apresentam como animais e pessoas, ora grandes formas orgânicas, permitindo que o visitante possa criar suas próprias histórias e interpretações. Dando palco ao lúdico, elemento sempre presente em seu trabalho, Luiz Hermano tece à mão seus próprios universos, trançando, emaranhando e coordenando uma coreografia de loucura com lucidez, diversas vezes unindo mundos, já antes concebidos por ele, e dando vida a novas histórias, enredos e universos imaginários, criando sentido em linhas espiraladas que se transmutam em obras, num incessante ciclo de recuperação
19 de agosto a 30 de setembro – FOOD de Martin Parr – Em comemoração ao Dia Mundial da Fotografia e em conjunto com o circuito de arte do Jardim Europa, a Galeria Lume convida o visitante a adentrar o bizarro e icônico universo fotográfico de Martin Parr. O artista fotografa comida muito antes de ser uma norma socialmente aceita. Hoje, fotos rápidas e Instagramavéis dos ditos, pratos “gourmet”, são uma obrigação, junto aos duvidosos textos de exaltação. Fotografando comidas desde 1994, Parr estudou e compreendeu de forma irônica e sarcástica, os hábitos alimentares ao redor do mundo. Apresentando uma seleção de fotografias trivialmente excêntricas, a exposição FOOD, a ser inaugurada dia 19/08 no espaço expositivo II da Galeria Lume, pontua o olhar do conceituado fotógrafo pelo aspecto social da comida, centro desses registros, que são à primeira vista comuns, mas que dentro do recorte criado pelo artista confrontam o visitante com detalhes que passam muitas vezes despercebidos aos nossos olhos. A série Real Food, da qual foram selecionadas as obras presentes na mostra, celebra tudo o que é comida através dos olhos de Martin – um caleidoscópio de alimentos do mundo todo, de rosquinhas a pães pegajosos, de chocolates em forma de ratos a tortas e gelatinas com insetos. Apresentando fotografias tiradas ao longo da prolífica carreira do artista até o momento, a série contém o melhor das imagens icônicas Parrianas – uma coleção de fotos de comidas altamente saturadas, em close-up, tiradas pelo artista durante suas viagens pelo mundo. Comemorando o Dia Internacional da Fotografia, a mostra acontece durante o Arte Circuito Jardim Europa, e conta com uma seleção de objetos utilitários produzidos pela Martin Parr Foundation, fundação que apoia fotógrafos emergentes, e preserva a coleção crescente de obras fotográficas significativas na Grã-Bretanha e Irlanda.
Central Galeria
19 de agosto a 23 de setembro – Not your usual Gretta Sarfaty de Gretta Sarfaty – Nos anos 1970, Gretta Sarfaty produziu uma vastidão de autorretratos ao encarar a lente da câmera fotográfica como espelho. Fotografar-se foi, para a artista, uma forma de se enxergar e, a partir de manipulações de sua própria imagem, também um modo de se imaginar – de reinventar sua identidade, vida e horizontes. Contudo, observar a si mesma esteve sempre acompanhada da certeza de estar sendo observada. Motivo de olhares voyeuristas e invasivos do patriarcado, Gretta compreendeu que, ao produzir auto-imagens, sua obra poderia ser igualmente um dispositivo para a mediação da miração alheia. NOT YOUR USUAL GRETTA SARFATY investiga, portanto, justamente esta torção nas políticas do olhar que atravessam sua poética. Deixando de lado a ênfase na câmera como espelho, a exposição convida seus públicos a perceber como, ao longo das décadas de produção de Gretta, a lente da máquina fotográfica vai se tornando não só uma interface de autoconhecimento, como fundamentalmente um dispositivo de alteridade. Nascida na Grécia, Sarfaty mudou-se com a família em 1954 para o Brasil, onde explorou várias linguagens artísticas contemporâneas desde meados dos anos 1960. Sua trajetória multimídia partiu de pinturas, gravuras e desenhos e se aprofundou nas linguagens da fotografia, da performance e do vídeo. Sua produção artística consolidou-se entre o Brasil, alguns países da Europa e os Estados Unidos ao longo de vários anos em cenas experimentais das artes visuais.
Galeria Contempo
19 de agosto a 02 de setembro – Enleve de J. Pavel Herrera – Trata-se da primeira exposição individual de Pavel na Galeria Contempo, que representa o artista. Reunindo cerca de 20 pinturas produzidas entre 2014 e 2023, a maioria em óleo sobre tela, a mostra tem curadoria de Paula Borghi, que enfatiza o caráter político manifestado de forma elíptica e metafórica na criação de Pavel. Em outubro de 2022, ao lado de outros quatro artistas, Ana Durães, Luiz Dolino, Rubens Ianelli e Tarm, Pavel participou da mostra coletiva “Paisagem Brasileira Contemporânea”, organizada pela Contempo na Casa de America, em Madri, na Espanha. Foi então que Monica Felmanas, sócia-fundadora e curadora da Contempo, teve a constatação de que o passo adiante seria idealizar uma primeira retrospectiva do artista caribenho. Nona exposição individual de Pavel e a sexta realizada por ele no Brasil, “Enleve” rompe um hiato de quatro anos desde suas últimas mostras, “Poemas Mal Escritos” e “Lembranças e Utopias” (2019), intervalo agravado pelo maior drama coletivo vivenciado pela humanidade neste século, como destaca o artista.