ÓLAFUR ELIASSON
Ólafur Eliasson nasceu na Dinamarca em 1967, mas cresceu entre seu país natal e a Islândia. Por ter um contato profundo com a o mundo natural, sua pesquisa artística se desenrola ao redor da percepção da realidade, incorporando investigações científicas relacionadas a leis da física, neurologia e óptica. Seus trabalhos convidam o visitante a experimentar fenômenos como reflexos, luz, cor e neblina. Ele também aproxima a obra do cenário urbano onde está inserido.
Instalação Life, 2021, Fondation Beyeler, Suíça.
O artista removeu partes do edifício projetado por Renzo Piano para deixar que o lago, normalmente separado do interior por uma grande parede de vidro, se espalhasse pelo museu. Por meio de passarelas, os visitantes passeavam pelas águas, que tinham 80cm de profundidade. Sobre o trabalho, disse: “mesmo que nenhum visitante humano esteja no espaço, outros seres – insetos, morcegos ou pássaros, por exemplo – podem voar ou estabelecer residência temporária nele”. Assim como fez em trabalhos anteriores, Eliasson tingiu a água de verde fluorescente, a ornamentou com nenúfares. Instalou uma luz azul que, durante a noite, brinca com efeitos ópticos. Em outra declaração escreveu: “Junto com o museu, estou abrindo mão do controle sobre a obra de arte, por assim dizer, entregando-a a visitantes humanos e não humanos, a plantas, microorganismos, ao tempo, ao clima— muitos desses elementos que os museus geralmente se esforçam para evitar”.
SHOPLIFTER
A islandesa Hrafnhildur Arnardóttir, mais conhecida como Shoplifter, se autodenomina uma maximalista. Sua obra está sempre relacionada a instalações de paisagens coloridas e imersivas feitas da fibra do cabelo – ora sintético, ora real. Ele é colocado em camadas para criar obras dinâmicas que irradiam energia. Os ambientes convidam o espectador a adentrá-los como se fossem florestas fictícias, que a artista denomina de “hipernatureza”, e sentir os efeitos terapêuticos que as cores têm.
Seu fascínio pelo material começou quando ela ainda era uma criança e encontrou um pedaço da trança cortada de sua avó na gaveta da penteadeira. Considerou aquela uma “relíquia mórbida, mas bonita da juventude”. Mais tarde, passou a reconhecer a conexão emocional que as pessoas têm com o cabelo, concluindo como é ele, muitas vezes, o que molda nossas identidades, marcando importantes etapas de nossas vidas. A partir do cabelo, então, Shoplifter explora o que é belo, reconfortante, mas que também pode despertar certo asco.
OBRA QUE AMAMOS:
Instalação Chromo Sapiens, 2019, Bienal de Veneza, Itália.
A artista fez uma incrível caverna feita de cabelos – monstruosa, mas ao mesmo tempo tão aconchegante e confortável. “Acho fascinante que tenhamos essa ‘vegetação’ em constante mudança em todo o corpo, que temos que cuidar e domar”, compartilhou Shoplifter. “O cabelo é um resquício da selvageria que possuímos e uma das poucas coisas que sobrevive à nossa existência. É como um escudo ou, alternativamente, pode ser uma forma de se mostrar ao mundo.”
TORI WRÅNES
A artista norueguesa Tori Wrånes trabalha em Oslo, inspirando-se livremente em mitos nórdicos, folclore e lutas sociais contemporâneas para criar performances surreais com arcos narrativos oníricos, envolvendo som, vídeo, escultura cinética, pintura, entre outros elementos.
Sua grande temática são os trolls, criaturas ligadas ao selvagem, ao desconhecido. Ela os utiliza para descrever o lado mais sombrio da humanidade. Segundo os mitos noruegueses, os maldosos trolls podem pregar peças e infligir danos a pessoas e animais e, por isso, muitos intérpretes da obra de Wrånes acreditam que essa presença no mundo da arte simboliza não apenas as características negativas do homem, mas também as dos artistas, curadores e, especialmente, críticos.
Instalação e performance Hot Pocket, 2017, Museu de Arte Contemporânea, Oslo, Noruega.
As performances parecem cobertas por uma áurea de conto de fadas e mistério e é justamente isso que toca o espectador e evoca emoções tão extremas e controversas. Ela pensa no troll como “uma forma de liberar a identidade, de brincar com os personagens. Acho que somos todos trolls”. Sua obra é um passeio perturbador, mas familiar, impregnado de histórias antigas, que fala da experiência humana, tanto do passado quanto do presente. “Você sabia que o troll só sai quando está escuro? É o mesmo para nós. Mostramos apenas o lado da luz; escondemos nossa escuridão e segredos; tudo o que sentimos está errado. Estou interessada no troll, porque ele representa todo o espectro do ser humano.” diz ela.