Listamos 3 artistas africanos para você inspirar-se, é uma reverência ao cotidiano e à ancestralidade. As vozes potentes da cena artística no continente africano contam não apenas a história de seus povos, mas são criadoras de linguagem e símbolo, trazendo sentido ao mundo. Suas inspirações vêm da riqueza que existe no banal, no cotidiano e na vivência em comunidade.
E é na ritualização da vida como ela é, sem artifícios, que os povos encontram e expressam suas identidades. Abaixo três artistas africanos que marcam suas existências a partir da simplicidade do ser e existir.
- Esther Mahlangu
Na África do Sul, as mulheres Ndebele cultivam o costume de pintar as paredes de suas casas para anunciar eventos marcantes em suas vidas, como nascimentos, casamentos e mortes. As técnicas da padronagem feita a partir de formas geométricas, simetria e cores fortes são passadas de geração em geração.
“Quando estou pintando, meu coração é muito amplo.”
- Abdoulaye Konaté
Os Kôrêdugaw, irmandade cuja sabedoria está na essência dos povos do Mali, usam sobre suas vestimentas ritualísticas retalhos de tecido, amuletos e colares. Foi na observação de tais elementos que o malinês Abdoulaye Konaté se inspirou para criar peças compostas por camadas de fitas bordadas à mão. As fitas são feitas de tecido em algodão, produzido em larga escala pelo país (são cerca de 500.000 toneladas de algodão anualmente) e usado em toda a África Ocidental como meio de comunicação e celebração. Essa composição de tecidos apresenta uma linguagem visual e tátil de cores, geometrias e texturas que, sobreposta aos signos culturais, reflete o entrelaçamento de diferentes comunidades do continente.
- Romuald Hazoumè
Nascido na República do Benin, Hazoumè é um iorubá, grupo étnico específico do oeste da África. Para este povo, as máscaras são elementos importantes utilizados em ritos de iniciação, funerários ou agrários, para manifestar e representar as forças invisíveis que permeiam o mundo natural. Hazoumè cria versões contemporâneas das máscaras usando galões de plástico, funis e outros materiais encontrados nas ruas do país como uma crítica ao lixo que se produz e como uma denúncia da condição social vulnerável de seu povo, que em busca de renda, aceita fazer o transporte ilegal de combustível – tóxico e inflamável – da Nigéria, se submetendo ao perigo iminente de explosões e outros acidentes hediondos.