Que tal visitar mais exposições nesse mês de outubro? Além de aumentar o seu repertório de arte, conhecer novos artistas e novas obras, você também aprende com novas visões e poéticas e reflete acerca de temas propostos pelos próprios artistas. Apresentamos uma lista com algumas exposições que estão em cartaz e temos certeza que você vai sair inspirado e inspirada de todas elas! Visite!
SESC Avenida Paulista
02 de setembro 2023 a 28 de janeiro de 2024 – Tornar-se ORLAN – Exposição retrospectiva da carreira da artista francesa ORLAN. O projeto traça um panorama dos quase sessenta anos de atuação da artista e apresenta um conjunto de obras ilustrativas de sua trajetória, privilegiando obras fotográficas, vídeos e esculturas.
Com curadoria de Alain Quemin e Ana Paula C. Simioni, a exposição pretende dar a conhecer ao público de São Paulo o considerável e tão variado trabalho artístico de ORLAN, revisitando suas principais criações e mostrando como essas derivam, em grande parte, de obras seminais que ela fez ainda muito jovem, até as mais atuais. Trata-se ainda de mostrar como a criação, tanto de si mesma quanto de suas obras, e o processo de empoderamento, estão intimamente ligados.
ORLAN (França) tem estado continuamente presente no cenário internacional da arte contemporânea, produzindo um conjunto de obras considerável. Quer seja por sua contribuição para a arte feminista, arte corporal, arte relacionada às tecnologias vivas ou para arte relacionada às novas tecnologias, deve-se notar que ORLAN é, sem dúvida, uma das artistas francesas mais reconhecidas internacionalmente. Há três anos, ORLAN é representada por uma nova galeria internacional, a Ceysson & Bénétière Gallery, que, em muito pouco tempo, já dedicou duas exposições em Paris, além de uma em Nova York, trazendo à tona todo o significado histórico de seu trabalho. Em 2021, ORLAN obteve a mais alta distinção atribuída pelo Estado francês, a Legião de Honra (Legion d´Honneur), pelo conjunto de sua obra, e, nesse mesmo ano, publicou a sua autobiografia pela Gallimard.
Galeria Cavalo
12 de setembro a 27 de outubro – Escada D’Água de Marina Weffort – Em suas obras, Marina Weffort parte de leves tecidos nos quais a manualidade e a repetição constituem seu processo de criação. As brechas abertas pelo processo de retirada dos fios horizontal e verticalmente, interagem com a luz e com o movimento ao redor. A obra exige a atenção do observador que tenta diferenciar os desenhos geométricos de sua própria sombra e encanta ao começar a se movimentar, quase que por vontade própria, como ondas que se propagam e se dissipam em um espelho d’água.
A artista vem dando cada vez mais destaque aos espaços criados no meio dos tecidos, antigas estruturas que antes asseguravam a rigidez do todo, hoje aparecem como ornamentos internos, linhas finas se desenham com cada vez mais proeminência, de forma leve, quase invisíveis. Neste processo, a obra dá a impressão de participar dos três estágios da matéria, simultaneamente sólida, líquida e gasosa.
O nome da exposição é, curiosamente, também um termo da engenharia que denomina estruturas de concreto para o escoamento da água, são escadas que não se pode subir mas que contam com gravidade para guiar o percurso das chuvas. Esse sentido de rigidez e fluidez compõe toda obra de Marina. Em ‘Escada D’água’, é com essa sensação de transitar entre estados da matéria que a artista brinca. As forças que interagem nas obras ora as fazem parecer sólido, ora parece prestes a desmanchar no ar.
LURIXS: Arte Contemporânea
15 de setembro a 27 de outubro – Quando deixou de ser das Irmãs Gelli – Com curadoria de Daniela Mattos, a exposição reúne, nos vinte e cinco trabalhos, a produção artística recente das Irmãs Gelli. As obras, moldadas em cera e outros materiais orgânicos, se materializam na presente mostra como objetos de parede, esculturas ou mesmo em outras linguagens artísticas como o vídeo e a performance.
Os trabalhos apresentados articulam-se com elementos da arte concreta e neoconcreta brasileira e seus desdobramentos posteriores, seja pelas questões formais, conceituais, ou mesmo na importância da medida relacional entre obra e espectadores, conjugando aspectos constitutivos da arte contemporânea de modo ímpar. A geometria sensível desenvolvida pelas artistas está presente em cada peça desta mostra, sendo resultante de um processo profundamente dialógico que combina repetições e desvios ao longo do percurso de criação.
Danielian Galeria
15 de setembro a 04 de novembro – Jorge Guinle – Uma pincelada certa vale mais do que uma boa ideia – A mostra conta com mais de 85 obras, entre pinturas em óleo sobre tela e desenhos, do pintor Jorge Guinle (1947–1987), considerado um dos principais artistas brasileiros do século 20, com relevância internacional no âmbito da abstração, e uma referência para a chamada Geração 80. As obras são oriundas de diversas coleções particulares. A exposição tem curadoria de Marcus Lontra Costa e Rafael Peixoto.
“Jorge Guinle – Uma pincelada certa vale mais do que uma boa ideia” inaugura um pavilhão expositivo construído no terreno da Danielian Galeria, que acrescenta 600 metros quadrados aos 900 metros quadrados da casa principal da instituição.
Marcus Lontra Costa e Rafael Peixoto selecionaram aproximadamente 45 pinturas, em óleo sobre tela, produzidas por Jorge Guinle na década de 1980, como as em grande formato, com dois metros ou mais de comprimento: “Diurno” (1983), “O coringa” (1984), “Cavalo de tróia” (1986), “O corpo” (1987), “Yasmin” (1987) e “Macunaíma” (1987). Há ainda pinturas dos anos 1960, como “Sem Título” (1966), óleo sobre tela. Para a exposição foram selecionados também cerca de 40 desenhos, em diferentes técnicas, criados entre os anos 1960 e 1980.
Representante da obra do artista, a Danielian Galeria é responsável, há cerca de três anos, por cuidar do acervo pessoal de Guinle, composto por mais de sete mil desenhos, ainda pouco conhecidos, além de outros objetos do artista, que pertenciam ao fotógrafo Marco Rodrigues, seu companheiro. A união entre Marco Rodrigues e Jorge Guinle é símbolo da conquista dos direitos LGBTQIA+ no Brasil, por ter sido a primeira união homoafetiva reconhecida pela justiça brasileira, abrindo jurisprudência para o assunto.
Pina Estação
16 de setembro de 2023 a 10 de março de 2024 – Alex Červený: Mirabilia – A mostra panorâmica apresenta o universo iconográfico do artista em mais de 40 anos de carreira, com ênfase em sua pesquisa sobre viagens, reais ou oníricas, misturando personagens bíblicos, mitológicos, ícones pop e ilustração científica. Com curadoria de Renato Menezes, a exposição contempla trabalhos fundamentais, reunindo obras como Quem não chora não mama (1999), uma das primeiras que realizou, e Aquífera, que esteve na 23ª Bienal de Sydney, em 2021, além de duas pinturas inéditas feitas especialmente para a mostra.
Alex Červený (1963) iniciou sua produção artística nos anos 1980. Desde então, ele vem criando um conjunto de trabalhos que o coloca entre os artistas mais originais e inventivos de sua geração. A mostra na Pinacoteca reúne mais de cem obras, entre azulejos, cerâmicas policromadas, esculturas de bronze, pinturas e gravuras, fruto de um apanhado de referências muito diversas, articuladas com muita erudição e humor, mas que dão conta de demonstrar o que o passado é a matéria-prima de seu trabalho, parafraseando o próprio artista. Com rigor e coerência plástica, o artista criou um universo particular em que o ser humano, a palavra, a paisagem e o céu são os protagonistas.
Alex Červený: Mirabilia é a exposição mais abrangente do artista, e ressalta o uso de suportes diversos com os quais trabalha. Dominando a técnica da pintura em cerâmica com destreza, Červený produziu uma série de trabalhos em azulejo, no qual o conjunto constitui o maior já apresentado até hoje. São 20 peças de azulejo e 7 pratos de cerâmica. Além disso, estão dispostas na sala expositiva uma coleção excepcional de esculturas em bronze, que configuram um conjunto de símbolos muito próprios do artista, retomados em outros trabalhos como Glossário dos nomes próprios (2015) e Para além do bem e do mal (2015).
SESC Pompeia
19 de setembro a 21 de janeiro de 2024 – Ana Mendieta: Silhueta em Fogo e terra abrecaminhos – Exposição inédita da artista cubano-americana Ana Mendieta (1948-1985) que contará com 21 filme-performances gravados em Super 8, 16 mm e Betacam entre 1972 e 1981, e fotografias de natureza auto-performativa. Além das duas exposições em uma, o projeto apresenta uma exposição coletiva com artistas contemporâneas de diferentes gerações cujo trabalhos dialogam (in)diretamente com a obra da artista.
Com curadoria de Daniela Labra, curadoria adjunta de Hilda de Paulo e assistência de Maíra de Freitas, a exposição “Ana Mendieta: Silhueta em Fogo” apresenta um panorama da vida e da obra de uma das artistas mais emblemáticas da arte contemporânea. Suas obras se materializam em diferentes suportes estéticos, sendo originais e contundentes, fazendo da artista uma pioneira na investigação da poética relativa ao corpo, ecologia, feminilidade arquetípica, ancestralidade, cura, ecologia, crítica e performatividade. Além da extensa perspectiva conceitual atrelada à feitura dos trabalhos, Mendieta explorou outros temas em linguagens como fotografia, esculturas em madeira e argila, desenhos, intervenções rurais e ações em espaços domésticos. Múltiplos e interculturais, seus trabalhos se tornaram uma referência para artistas de diferentes gerações. Os temas de reflexão se desdobram em extensas experimentações artísticas e práticas transdisciplinares. Assim, nasce a exposição “terra abracaminhos”. A mostra apresenta artistas de diferentes gerações, “filhas da ‘mestiza’ e da diáspora fronteiriça, como pensou a filósofa Gloria Anzaldúa, na década de 1980”. Os trabalhos das artistas convidadas se apresentam em diversas mídias, incluindo performances presenciais, cujas propostas estéticas, mais uma vez, têm pontos de contato com as de Ana Mendieta.
Programação Integrada: plenárias e ciclo de performances
Como importante momento de reflexão sobre o fazimento artístico em diálogo com as teorias feministas, a exposição contará com uma vasta programação integrada, reunindo as plenárias “Falar em Línguas” que se estruturam como uma programação de palestras e diálogos que propõem criticar teorias do conhecimento hegemônicas e expor epistemologias ainda escamoteadas pela colonialidade do saber. A programação contará ainda com um ciclo de performances e um cine clube. A exposição também oferece recursos de acessibilidade.
Galeria Leme
23 de setembro a 21 de outubro – Avesso Espiralado de Jessica Mein – A artista desenvolve uma pesquisa sobre a fisicalidade das imagens, dos suportes e os limites da linguagem ao longo dos últimos 20 anos. Em seu trabalho, a linha é um elemento primordial com o qual a artista trabalha em suas mais diversas formas e matérias. Primeiro como traço, contorno e rachuras em seus desenhos e vídeo-animações, e depois como materialidade no desfiar das tramas da tela de algodão, sacos de cânhamo, teares e rendas. Através da linha, a artista explora as contradições e porosidades entre suporte e obra, trabalho intelectual e manual, acabado e inacabado, artista e artesã.
As obras expostas carregam vestígios de seu processo de confecção, que tradicionalmente seriam dissociados e descartados do objeto final. Em Aparecida (2023), Mein incorpora o papel manteiga e o plástico de ração de animal – suportes provisórios usados na confecção das rendas – como um recurso para refletir sobre a passagem do tempo e as marcas do trabalho manual. Fruto do diálogo entre a artista e os mestres artesãos e operários, as obras apresentam pontos de renda inventados e novas maneiras de tecer, extrapolando a tradição e provocando o esgarçamento dos limites dos materiais, criando assim linguagens híbridas. O trânsito que Mein faz pelas distintas técnicas de tecelagem expressa os deslocamentos geográficos que a artista realizou entre a Argentina, o Brasil e a Guatemala nos últimos anos.
O procedimento de produção da animação Entre-linhas (2023) envolve o desenho, recortes, colagens sobre as imagens de vídeo capturado pela própria artista durante uma viagem ao noroeste argentino. Nele, as mãos de uma artesã entrelaçam fios e tramas no tear. Fragmentados em mais de 700 imagens, os frames do vídeo são impressos e um a um sofrem intervenções manuais da artista. Uma vez finalizadas, as imagens são escaneadas em camadas e reanimadas. O vídeo final apresenta interrupções, ruídos e colagens com reproduções e elementos de outras obras presentes nesta exposição, estabelecendo uma relação análoga ao próprio processo criativo de Mein, que recombina, esgarça tramas e técnicas e vira do avesso a própria linguagem.
Galeria Raquel Arnaud
23 de setembro a 04 de novembro – A linha florescente de Elizabeth Jobim – Os trabalhos que compõem a exposição apareceram na pandemia. Com o medo e a necessidade de reclusão, proteção, Jobim começou a esticar, pregar e costurar tecidos nos trabalhos que traziam uma memória da tessitura, da roupa, do abrigo. A costura é a ação que constituiu a produção da artista: pode-se ver os pontos do fio.
“A linha florescente” apresenta telas onde a artista redefine a relação entre planos e dimensões por meio de uma abordagem que incorpora elementos escultóricos em suas pinturas. Em vez de uma simples linha abstrata, Jobim une esses planos por meio de marcas físicas, tornando visível a interrupção e separação dos planos de cor.
O crítico de arte Paulo Venancio descreve as pinturas da seguinte forma: “(…) a tela se organiza à maneira de um patchwork absolutamente bidimensional, uma construção de tecidos organizados e costurados fora do chassi, e como um transplante de bidimensional tornado pintura – a pele mesma pintura. Pele que atrai o tato, o contato físico da mão que advém do olhar. Essa tatibilidade, creio, já estava implícita desde os primeiros desenhos de pedras da artista – pedras organizadas pela mão, tocadas pelas mãos”.
Entre os destaques da sua produção atual está a preparação do linho e a técnica de pintura a óleo sobre tecido. Este mesmo tecido pintado também se torna base para a costura, permitindo que a obra revele seus espaços, volumes e corpos, tanto na frente quanto no verso.
A própria artista descreve sua obra de forma apaixonada: “O campo se divide em dois, três. Um lado pintado a óleo, outro apenas em tecido, o branco do fundo e o cru do avesso à vista. O pano se desdobra e finalmente o avesso da costura se projeta para fora do plano; a tela se transformou num lugar onde panos cortados se cobrem, se unem com costuras e são esticados sobre a tela ou diretamente no chassi. Cortes, costuras, um abraço.”
” A linha florescente” é uma exposição que provoca as fronteiras entre pintura e escultura, convidando o público a explorar as texturas e profundidades da obra de Elizabeth Jobim.
SESC 24 de maio
18 de outubro a 28 de abril de 2024 – 22ª Bienal Sesc _Videobrasil – A memória é uma ilha de edição – Intitulada “A memória é uma ilha de edição” – frase retirada de poema de Waly Salomão (1943-2003) –, a Bienal Sesc_Videobrasil chega a sua 22ª edição em 2023, realizada após um adiamento de quase dois anos por conta da pandemia de Covid-19. Com curadoria do brasileiro Raphael Fonseca e da queniana Renée Akitelek Mboya, a Bienal marca também os 40 anos do Videobrasil, dedicado inicialmente ao vídeo e que ao longo das décadas se expandiu para abarcar as mais variadas linguagens artísticas.
Nesta celebração, “faz-se necessário, portanto, não apenas refletir sobre o tempo e as muitas concepções de memória, mas também revisitar a importância do vídeo nessas quatro décadas”, escrevem os curadores. Cabe lembrar, ainda, que na contemporaneidade as possibilidades de edição de imagens se transformaram, tornando-se mais ágeis e ao alcance de nossos dedos em uma série de dispositivos tecnológicos de uso cotidiano.
Para muito além dessas “ilhas de edição” particulares, a 22ª Bienal busca selecionar trabalhos que tratem das memórias coletivas, das lembranças e esquecimentos que constroem narrativas históricas e sociais, relativas a povos, nações e regiões geográficas. “Quais as fronteiras éticas de um corte? Quem detém o poder de fazê-lo? Como forjar a memória daquilo que não vimos ou sentimos em nossos corpos? Quais os limites da memória?”, questionam os curadores.
Luciana Brito Galeria
07 de outubro a 20 de dezembro – Primavera Silenciosa – Com curadoria de Alexia Tala, a exposição é fundamentada em pesquisas curatoriais focadas na arte produzida por artistas indígenas da América Latina, propondo a convivência com outras expressões artísticas profundamente enraizadas em tradições relacionadas aos seus locais de origem.
A poética criativa dos artistas da exposição celebra a pluralidade e uma relação com a natureza definida pela escuta atenta, ao mesmo tempo que mantém espaço aberto ao reconhecimento crítico. As obras visam fortalecer nossas formas de ver e viver o mundo, incentivando assim uma relação sustentável com o meio ambiente. Esta ligação não é nova, mas ancestral, embora muitas vezes tenha sido silenciada.
Em 1962, Rachel Carson publicou o livro Primavera Silenciosa, sobre os efeitos nocivos da poluição agroquímica. Além de seus estudos científicos, ela criou uma alegoria que prevê como as ações e comportamentos sociais afetam os ciclos da natureza. O seu livro dá título a esta exposição que, informada pela visão de Carson, articula três fios condutores principais.
A exposição convida o espectador a refletir sobre os gatilhos que levaram a esta viragem ambiental: o devastador Capitaloceno e o extermínio racial das comunidades indígenas. Os exercícios de reflexão propostos pela Primavera Silenciosa questionam os limites desta convivência: se toda a humanidade tivesse adotado o mesmo respeito pela natureza visto nas cosmovisões indígenas, estaríamos agora nesta crise do Antropoceno? Quando formos capazes de ouvir, ver e sentir o mundo inteiro com mais clareza, e pudermos reconhecer a importância de cada gesto, de cada marca deixada por cada ser, será que nos veremos como apenas um entre milhões, cada um com uma capacidade limitada e quase capacidade insignificante de ação? Ou abraçamos a nossa capacidade de causar impacto através do esforço coletivo, reconhecendo plenamente o poder das nossas próprias ações de transformação?
Visite as exposições para ter a chance de descobrir novos talentos, obras intrigantes e refletir sobre temas propostos pelos artistas.