Nova York tem uma gama extensa de museus famosos e incríveis para visitar, mas pouco se fala no Brooklyn Museum. Instalado em um edifício de Belas-Artes com 560.000 pés quadrados, trata-se de um dos maiores e mais antigos museus de arte dos Estados Unidos.
Com coleções permanentes diversificadas e de renome mundial, o Brooklyn Museum preenche a lacuna entre antigo e contemporâneo e ocidental e não ocidental. Apresentações contínuas, tão variadas quanto a vasta seção egípcia e as impressionantes galerias de arte americanas, também são um atrativo importante.
Um importante destaque que deve ser feito, é o setor permanente denominado Elizabeth A. Sackler Center for Feminist Art do museu, onde a obra The Dinner Party da artista feminista, arte-educadora e escritora norte-americana Judy Chicago (1939) está em exibição desde 1980.
The Dinner Party é um importante ícone de arte feminista dos anos 1970 e um marco na arte do século XX. A instalação foi realizada entre 1974 e 1979 e consiste em uma grande mesa de jantar com 39 lugares, em formato de triângulo equilátero (com os três lados iguais!), que compreende um enorme banquete cerimonial.
Em cada lado sentam 13 mulheres. O primeiro lado homenageia mulheres pré-históricas do Império Romano, o segundo homenageia mulheres desde o início do Cristianismo até a
Reforma, e o terceiro homenageia mulheres da Revolução Americana à Revolução Feminista, dentre alguns nomes, pode-se citar: Hatshepsut, Hildegard de Bingen, Artemisia Gentileschi, Georgia O’Keeffe, Mary Wollstonecraft e Virginia Woolf.
Sobre a mesa repousam guardanapos bordados com os nomes dessas mulheres em dourado, cálices e utensílios de ouro e pratos de porcelana pintada à mão com motivos centrais que lembram formas vulvares e de flores e borboletas, executados em estilos apropriados para as mulheres homenageadas.
A instalação é uma ode também ao trabalho manual de 400 voluntárias – todas mulheres – que ajudaram a construir a obra durante os anos.
No chão, abaixo da mesa de jantar, foi construído um piso com 2.300 ladrilhos de cerâmica esmaltada em cor branca, chamado The Heritage Floor, onde foram escritos em dourado o nome de 999 mulheres também homenageadas pela obra. Uma curiosidade é que, na verdade, tratam-se de 998 mulheres, pois o escultor grego Kresilas foi erroneamente considerado uma mulher e seu nome é o único de um homem que aparece por lá.
É importante mencionar que o conceito original da artista sempre foi multifacetado, pois seu objetivo era introduzir a riqueza da herença feminina na cultura de três maneiras:
- Com uma obra de arte monumental;
- Um livro;
- Um filme.
Além da mesa cerimonial e dos Painéis de Herança, temos uma série de banners na entrada denominado Entryway Banners e os painéis de reconhecimento denominado Acknowledgement Panels, que identificam as assistentes e colaboradoras de Judy Chicago.
A instalação já percorreu o mundo, foi exibido em 16 locais, em 6 países e 3 continentes, para cerca de mais de 15 milhões de pessoas. A obra tem sido tema de inúmeros livros e artigos e desde 2007 está no Brooklyn Museum, como uma instalação permanente que homenageia 1.037 mulheres que foram importantes para a nossa história.
Vale a pena visitar essa instalação incrível ao vivo e sentir essa força histórica feminina.