O islamismo foi fundado pelo profeta Maomé no século 7, na cidade de Meca, na Arábia Saudita. Desde então houve uma rápida expansão do Islã para a Palestina, Síria, Pérsia, índia, Ásia Menor, Norte da África e Espanha – hoje ele está espalhado por mais de 50 países. De origem nômade, os muçulmanos foram se apropriando das diversas culturas locais para a criação de suas próprias bases estéticas.
Vamos falar de quatro temas principais:
- ARQUITETURA
- ESTAMPAS GEOMÉTRICAS E ARABESCOS
- CALIGRAFIA
- TAPEÇARIA
- ARQUITETURA
É uma das principais expressões da arte islâmica, florescendo principalmente a partir da construção de templos/mesquitas em cada novo território conquistado. Claro que traços desses novos territórios foram absorvidos (como as cúpulas bizantinas, tapetes persas e mosaicos coloridos), mas ainda assim criou-se um estilo muito próprio.
As mesquitas são formadas pelas formas geométricas e o inconfundível duo cúpula e minarete (torres de onde são feitas as chamadas à oração). Do lado de dentro, há invariavelmente uma parede na direção de Meca, para onde os fiéis se curvam e oram, além de manterem uma decoração caprichada. Pela religião, as imagens de adoração eram proibidas, então se desenvolveram outras expressões como os mosaicos, as fontes de água para purificação, as estampas geométricas, os arabescos e a caligrafia.
Para conhecer mais desses exemplos arquitetônicos, alguns destinos especiais:
– Domo da Rocha, na Cidade Velha de Jerusalém
– Taj Mahal, em Agra, na Índia
– Grande Mesquita de Santa Sofia, em Istambul, na Turquia
– Palácios Nasrid de Alhambra, em Granada, na Espanha
- ESTAMPAS GEOMÉTRICAS E ARABESCOS
As estampas com padronagens cobrem praticamente todas as superfícies islâmicas: paredes de mesquitas, palácios e objetos utilitários. Numa perspectiva macro, elas se separam em duas categorias: geométricas e biomórficas.
As estampas geométricas são muito lógicas, matemáticas e perfeitas para o plano. Elas começam por um círculo e são tradicionalmente feitas a partir de compasso e régua. Ao círculo adiciona-se outras formas, incluindo polígonos simples ou complexos criando estrelas de até oito pontas. Essa padronagem é feita para dar a ilusão de infinito.
Já as estampas biomórficas (também conhecidas por arabescos), são padrões vegetais/botânicos usados como preenchimento para os padrões geométricos ou também usados isoladamente. Importante: elas são inspiradas na natureza, mas não são uma representação objetiva, e sim estilizadas e manipuladas para transportarem os observadores a outro mundo, já que, para a sua crença, o trabalho humano nunca poderá se comparar ao de Alá.
Para se aprofundar mais nessa arte:
– Visitar o maior museu dedicado à Arte Islâmica no mundo, o MIA (Museum of Islamic Art), no Cairo, Egito. Reúne cerca de 100 mil objetos coletados da índia, China, Irã, Arábia, Levante, Norte da África, Egito e Andaluzia.
– Se inscrever nesse curso da Domestika da Dra. Esra Alhamal, criativa, professora e autora do podcast Art Illuminated. É uma das poucas muçulmanas – e ainda por cima mulher! – a pesquisar e escrever sobre o tema. O curso introduz à criação de arabescos, você acaba com uma arte linda e única feita pelas suas mãos.
– Conhecer a escola islâmica Madrassa al-Attarine em Fez, no Marrocos
- CALIGRAFIA
Para a cultura islâmica, a palavra escrita é o mais importante meio da revelação Divina e, por isso, a arte caligráfica se desenvolveu de forma rica e complexa. Os caracteres cursivos são produzidos por mestres calígrafos meticulosos, que estudam anos até estarem aptos a exercer a profissão.
Fatores como o público-alvo, o conteúdo do texto e a função do objeto que vai receber o escrito determina o modelo da caligrafia. Formas graciosas e mais fluidas são usadas para poesia; letras mais imponentes e ousadas para passagens do Alcorão; enquanto outras mais complicadas e difíceis de serem forjadas são usadas para correspondências oficiais do governo.
Para ver de perto a aplicação da caligrafia nos azulejos:
– Mesquita Azul e Mesquita Süleymaniye, Istambul, na Turquia
– Mesquita Sheikh Lotfollah, Isfahan, no Irã
– Mesquita Hassan II, Casablanca, no Marrocos
- TAPEÇARIA
Com uma abundância de lã produzida pelos rebanhos das tradicionais tribos beduínas da Arábia, Pérsia e Anatólia, os tapetes tinham grande destaque na vida de seus povos: eram usados como tendas que abrigavam as famílias de tempestades de areia, revestimentos para aquecer do frio e até cortinas para privacidade… Mais tarde foram ganhando novas funções e significados.
Para a cultura islâmica, o tapete contém tramas que conectam corpo e mente, matéria e espiritualidade, sendo então um caminho para o céu – no Alcorão, é mencionado como um elemento do Paraíso. Por proporcionar uma conexão com o Divino, onde quer que a pessoa esteja na hora das orações, os tapetes são estendidos em direção à Meca.
A Turquia e a Pérsia (cuja maior parte do território está hoje no Irã) são as duas culturas que mais desenvolveram essa arte e suas tramas, com diferenças nos nós e temáticas. Enquanto os tapetes turcos desenvolveram motivos botânicos, utilizando cores ricas; os persas representavam padrões geométricos, humanos, animais e paisagens, quase sempre usando uma interação entre as cores vermelho e azul em cenas de caça.
Os tapetes persas foram considerados os mais belos de toda a história da arte, feitos a partir de lã, seda e outros materiais. Em cidades iranianas como Tabriz, Kashan, Herat e Isfahan as técnicas desenvolvidas compreendem movimentos tão sofisticados e velozes, impossíveis de serem reproduzidos, tendo tornado a região praticamente a única fonte desse material no mundo.
Para ver de perto peças únicas:
– Mesquita Sheikh Zayed Grand em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, onde fica o maior tapete persa do mundo, com 5.627m². Ele foi feito por cerca de 1.300 artesãos durante dois anos e pesa 35 toneladas.
– Museu do Tapete em Terãa, no Irã, com tapetes persas de todo o território datando do século 16 até o presente. São 3.400 m² de exibição e sua biblioteca contém 7.000 títulos relacionados à tapeçaria.
– Galeria de Arte Islâmica do Museu Victoria & Albert em Londres, onde o tapete de Adarbil está exposto, considerado um dos mais antigos e belos exemplares islâmicos já preservados.